domingo, 18 de dezembro de 2011

O Primeiro Concerto

Oi, gente!

Bem, como é que eu descrevo o frio que estou sentindo aqui? Como um bom cearense que sou, tenho que explicar isso nos termos técnico que nós, nordestinos, entenderíamos. Então lá vai... Pense que você está trabalhando numa sala com mais vinte pessoas, com o ar-condicionado, em ótimo estado, mas no máximo, ou seja, bem gelado, e as senhoritas estão reclamando que está "muito frio". Agora imagine que só você está na sala porque todos os outros foram embora, mas o ar-condicionado está no mesmo ajuste. Agora, imagine que você está na sala já há mais de cinco horas, sem sair. Pronto! Para quem nunca foi ao frio, isso talvez ajude a começar a pensar como me senti ontem, apesar de todo agasalhado. E ainda fui inventar de subir a torre da Neues Rathaus, o prédio da prefeitura, para uma vista panorâmica. Minhas mãos demoraram a voltar ao normal!

Frio à parte, a Marienplatz, onde fica a tal da Neues Rathaus, é o centro turístico de Munique. Ontem curti o que chamam de Cristkindmarkt, ou "Feira de Natal". Barraquinhas tipo as feirinhas que temos no nordeste, mas com o conteúdo bem diferente. Enfeites natalinos, comidas típicas alemãs ... Aliás, criei coragem e comi a tal da salsicha branca com pão, que meu professor de flauta recomendou. E não é que é boa mesmo! Aqui vão umas fotos da feira.

Neues Rathaus (em cuja torre subi)...

Christkindmarkt em frente à Neues Rathaus, na Marienplatz...






Essa foto é para não dizerem que estou exagerando quanto ao frio!

Bem, vamos encerrar a introdução, pois anteontem foi o Messias, de Handel!


Cheguei bem cedo, pois o ingresso divulgava um "prelúdio" antes do concerto. Tratava-se de uma espécia de "Compartilhamento Musical", em moldes semelhantes aos que eu mesmo faço quando sou convidado, com a diferença que era ao vivo mesmo! Duas mulheres entraram no palco. Uma delas falava (em alemão) algumas coisas com relação a um determinado repertório para cravo. A outra dizia algumas palavras e tocava. Tocou umas três ou quatro peças. Chamou-me atenção uma obra cujo nome em francês dizia "sem compasso", uma espécie de fantasia linda, que ecoou naquela sala de concertos de ótima acústica. Pena que eu não entendia o alemão, só umas coisinhas poucas. Mas vamos ao "Messias"!

Primeiro, atenção! Tudo o que eu escrever abaixo não vai conseguir transmitir fielmente o que aconteceu. Vou primeiro fazer umas considerações meio técnicas e depois vou tentar abrir um pouco o coração. 


Orquestra e coral muuuuuito bons! Mas muito bons, mesmo! Solistas maravilhosos! O regente escolheu andamentos meio acelerados em relação ao que eu estou acostumado a ouvir, mas ele foi muito coerente com o que decidiu fazer. O jovem senhor, que parecia egípcio, era muito seguro do que estava fazendo e tinha todos sob controle. Tudo muito impressionante para esse cearense que pouco vai a apresentações desse nível. Fiquei muito impactado!

E como me lembrei dos irmãos e amigos! Jailson, tua ária com trompete "The Trompet Shall Sound" ficou lindíssima! Tentei gravar, como você pediu, mas tinha senhora alemã do meu lado que ficava olhando o tempo todo para o meu mp3, talvez vigiando se eu ia gravar alguma coisa ou não. Comédia eu fingir que o mp3 era para gerar uma luzinha para me ajudar a acompanhar a música com a letra! Tentei gravar, mas não ficou bom. Fiquei tão passado com a beleza de tudo, que acho que os alemães que estavam ao meu lado (a tal senhora e um simpático casal) devem ter pensado que eu estava passando mal. Em vários momentos, as lágrimas chegaram aos olhos, mas elas quasem sairam, Luciana, na tua ária, "I Know That My Redeemer Liveth". A voz da soprano (uma japonesa, chinesa, ou koreana, não sei) me fez estremecer todinho. Kelso, o "Por Um Homem Veio A Morte"... Lembrei-me do meu querido Coral Manancial. Queria muito que todos tivessem ouvido o que ouvi. Pode dizer para eles no próximo ensaio que me lembrei deles e que mando um abraço? Pr. Renato Brito, o senhor, que deve reger o "Aleluia" ano que vem, foi muito interessante essa parte! Nos compassos de 4 a 7, no "Aleluia", o regente escolheu começar piano. Do 8 em diante, ele claramente subiu um pouco a dinâmica para mezzoforte e SOMENTE quando entram os tímpanos (lá para o compasso 15) foi que o coral cantou um forte. Fez toda a diferença! Normalmente, os regentes fazem tudo igual. Fica a dica para junho de 2012, quando tentaremos fazer partes do Messias no Cariri.

Recomendo que você, que provavelmente conhece apenas uma ou duas partes do Messias, pegue uma gravação e tente experimentar a obra completa. É, de fato, uma das obras musicais de maior relevância da cultura ocidental. Se precisar de minha ajuda para conseguir uma gravação em DVD, estou à disposição. E se você fizer como eu, prestar bem atenção à letra, sua vida pode mudar completamente!

Bem, gente. O que posso mais dizer? Tentei pôr nessas linhas a experiência que tive. Não consigo, confesso, abrir meu coração mais que isso. Não dá. Essa parte da minha experiência, as nuances mais íntimas, os sentimentos que surgiram a cada parte da execução que tive a oportunidade de apreciar, esses pormenores só quem vai ter acesso é o próprio Messias, o Senhor, meu Salvador, Jesus Cristo.

Hoje à noite tem o Oratório de Natal, de Bach. 

Mais uma vez agradeço os comentários que vocês tão gentilmente vêm escrevendo. Até a próxima!

Da fria Munique,
Renato

7 comentários:

  1. A "The Trompet Shall Sound" deve ter ficado muito linda mesmo, enquanto Deus não me dá a graça de assistir ao vivo, me contentarei e me alegrarei com a graça de poder assistir pelo YouTube... :D
    http://www.youtube.com/watch?v=cB3RZ-7iVLc

    Ufa, que frio!!
    Vou me despedir, aqui em Munique está frio demais,
    Até breve Renato!

    :D

    ResponderExcluir
  2. Renato, que prazer acompanhar sua viagem de longe! Já sei que me perderia nesta feira de Natal! O concerto deve ter sido divino! Aproveite e vivencie cada acorde, pois serão momentos únicos! :)) Boa viagem!

    ResponderExcluir
  3. Aiiiii Renato, feliz, mas feliz meeeesmo por você!!!! Vixxxx, se eu já fico emocionada em escutar "I Know That My Redeemer Liveth", em DVD, imagine ao vivo, eu acho que teria um surto, como você!!! rsrsrsrsrs
    Deus te abençoe, e curta bemmm muiiito. Quando chegar, eu quero ver todas as fotos!!!

    PS.: Com raiva da mulher ao lado que te intimidou de gravar!!! kkkkk

    ResponderExcluir
  4. Nossa! Tento imaginar as emoções que vc está vivenciando aí, mas sei que é impossível retratar. Continue compartilhando e dividindo essa maravilhosa viagem com a gente. Presentão de Deus mesmo!

    (Só um detalhe: Meu primeiro comentário não foi publicado. Vc viu?)

    ResponderExcluir
  5. Através do seu relato, além de poder vivenciar parte da emoção durante o concerto, deu até pra sentir um pouco do frio de Munique. Valeu, irmão, por nos permitir participar destes momentos.
    Que o SENHOR lhe abençôe!

    ResponderExcluir
  6. Acredito que quando Deus "priva" as palavras de sua total expressão é para que conheçamos nossa limitação e o poder Dele de ir fundo...ir além, mais do que qualquer outro! Há lugares onde apenas Ele tem acesso...acho que é um pouquinho de vontade de nos ter pra Ele mesmo e apenas para Ele. Renato, estou super feliz de ler suas palavras e de imaginar seus sentimentos...Nada melhor do que viver aquilo que nos alegra mais...são os conhecidos "mimos" do Senhor! Aproveita...até mesmo o frio...pq o calor, ah esse nunca falta no mercado por aqui...haha. bjos! Karine.

    ResponderExcluir
  7. Perdi a segunda postagem, peço perdão. Fico feliz de você ter gostado do meu comentário. Depois de ter escrito, fiquei pensando num outro tipo de loucura que não foi aquela loucura que critiquei. Fiquei pensando na loucura da cruz, que é exatamente a loucura do Messias. Esta loucura diz respeito ao plano de Deus para salvação que frustra as expectativas dos que se acham sábios e dos que se acham inteligentes. Esta loucura, com certeza acha uma expressão singular na música de Handel e de Bach, que você ainda terá oportunidade de ouvir. Definindo loucura assim, esse seu e nosso dezembro e muito louco mesmo!

    ResponderExcluir