O que há de louco no 'Dezembro Louco 2011'?

Quem me conhece sabe que a combinação música + viagem à Europa é algo que mexe muito comigo. Juntei os ingredientes pela primeira vez em dezembro de 1997 / janeiro de 1998, quando fui com um amigo, num roteiro musicalmente orientado, pelo velho continente.

Depois disso, voltei à Europa duas vezes a trabalho. É bom também, mas não é a mesma coisa. Na última viagem a trabalho, em Portugal, em junho de 2011, tomou-me uma vontade muito forte de ter um tempo para curtir uma viagem daquelas de novo. O incômodo foi crescendo tanto, que comentei com algumas pessoas, meus alunos de intercâmbio, principalmente, que ou eu viajava ou eu ia pirar, mas dizia isso ainda com um tom platônico. Foi quando outubro chegou...

Em casa, internet ligada, e essa coceira por viagem foi tanta, que comecei a ver preços de vôos, sem compromisso. Afinal, era loucura fazer uma viagem daquelas de novo! Quando vi que o Oratório de Natal, de Johann Sebastian Bach, ia ser apresentado na íntegra (as seis cantatas) em Munique, no dia 18 de dezembro, pirei literalmente. É uma de minhas obras favoritas (fico querendo tirar o "uma das", mas não seria justiça com outras obras de Bach)!

Literalmente, experimentei uma taquicardia. Endorfinas circulando, eu tentava voltar ao normal dizendo para mim mesmo que aquilo era loucura. Primeiro, porque eu precisava mexer nas minhas reservas, que não são lá essas coisas. (Lembre-se: sou professor!) Segundo, porque a primeira viagem dessas eu planejei durante mais ou menos um ano e essa loucura teria uns dois meses para planejar. Terceiro... Ah! Foi quando passei um email para meu amigo Glauco Vieira, que viajou comigo da primeira vez. No texto, eu perguntava "Sou doido?". E não é que ele estava online e logo respondeu: "Eita caba! Vá la! Pegue a reta!"

As próximas horas (da madrugada) foram de cliques frenéticos em busca de razões para me convencer de que não era loucura. Fui achando outros concertos. Um que me deu uma lapada foi a 9a Sinfonia de Beethoven, com a Sinfônica de Londres (visitando Munique), sob a batuta de John Eliot Gardiner, regente de que gosto muito, acompanhado pelo coral Monteverdi Choir (Fantástico!). Durante a semana escrevi um email para um grande amigo e telefonei para uma grande amiga e me ajudaram a ver que era uma boa eu tentar. Pronto, a decisão estava quase tomada. Finalmente, a paz de Deus foi o que me fez mesmo rumar adiante.

Hoje, três dias antes da partida, consegui agendar vários concertos e venho montando um roteiro muito legal. Entre 15 de dezembro e 1 de janeiro, estarei sozinho nessa viagem, o que tem algumas vantagens, mas as desvantagens, a própria solidão, eu tento diminuir com esse blog. Não sei se vou conseguir, mas vou tentar ir compartilhando os passos, os concertos, as visitas...  Para cada comentário que você escrever, vou sentir que você foi junto comigo nessa "loucura".

Convidei para me acompanhar: alguns familiares, irmãos da igreja, amigos, alunos, colegas de trabalho, uma chefe e alguns seguidores de meu outro blog, o Compartilhamento Musical. Pois gente, casaco de frio e mochila nas costas e vamos lá!

Abraço,
Renato